sexta-feira, julho 30, 2010

por amor eu desafino
por voce aprendi a cantar
(jair oliveira)

domingo, julho 25, 2010

me desfaço em excessos e me refaço na abstinência de tudo aquilo que me consome.
como uma pilha recarregável me extinguo até a última gota.
para depois lentamente retomar a energia ao 100%.

terça-feira, julho 13, 2010

saudades do lado de lá. e já com sintomas de saudades do lado daqui.

o coração aperta, dói. mas sabe que estará sempre ali, presente. 

seja acá ou acolá.

segunda-feira, julho 05, 2010

a veces me hace falta parar el tiempo. como un intento de congelar el presente y retrasar el futuro...

domingo, julho 04, 2010

as despedidas deveriam ser breves. dói pensar em deixar aquilo que me faz feliz. assim mesmo encontro a coragem pra ir embora e um dia quem sabe voltar. mas não pra reviver tudo e sim pra começar tudo outra vez.
Despedida

Rubem Braga


E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.